Pink Fairy Tales...

Meu próprio mundo, em versos... Ora rimados, ora em desespero... Ora em poesia sincera, ora em verdade inventada... Ora a fusão das duas coisas, e muitas resuminadas a nada... Às vezes meio triste, com um quê de sombra e dor... Outras vezes, em palavras inspiradas na alegria, na beleza e no amor...

Thursday, July 27, 2006

Talvez, Amor (Isis - 27.07.2006)

Às vezes a gente idealiza uma pessoa na cabeça e fica à procura daquele alguém, ou de alguém que chegue muito perto disso. Desenhamos por dentro um corpo, um jeito de ser, uma atitude, uma conduta, uma prática espiritual, um modelo comportamental, uma maneira toda única de falar, a postura de caminhar. Uma personalidade idealizada abolutamente adequada ao que acreditamos ser o nosso eu complementar. Uma pessoa com as mesmas afinidades, linha de pensamento e sintonia de sentimentos também. Não é só alguém, um mero alguém, mas nosso sonho de consumo, digamos a grosso modo por ora.
Agora todas essas supostas diretrizes de uma obra-prima humana peculiar e não raras vezes secretas ou íntimas de cada um fica dentro da cabeça mesmo, que por algum motivo inteligente está posicionada acima do coração. Não acho que seja mera questão de estética, mas também não quero aqui entrar nesses méritos antrográficos, até porque isso desdiz o que eu quero sim dizer. Pois então dizendo, tira isso da tua cabeça. Tenha um objetivo sim e alimente seus mais sinceros e belos sonhos, porque eles dependem de você para brotarem na realidade, mas tudo me revela que nossa essência está no coração e eis este a mais precisa bússola para um bem-viver. Porque às vezes a gente não tem bem quem a gente quer, mas quem a gente precisa.
Às vezes a gente ama alguém com um amor tão forte de fazer chorar, mas racionalmente não é bem esta mesma pessoa que queremos, seja lá pelo que for. Mas seja o que for, é temporário, como tudo nesse planeta. Então trocamos um amor de chorar de tão belo e forte por um amor que existe, normalmente, mas que talvez não ame com todas as suas forças, não te faça chorar todas as suas lágrimas, muito menos te permita sorrir todos os seus sorrisos. Porque há dimensões infinitas de amar, ainda que humanamente.
Como você crê e diz, talvez você realmente ame este alguém que lhe acompanha agora. E sim, todo o amor é sagrado e divino por si só. Acontece que às vezes a gente não ama realmente um alguém, mas amamos aquela versão de nós mesmos quando estamos com aquela pessoa... Mas quem você então realmente ama com todas as suas forças e com todo o seu coração?
Sabe, o amor acontece. Às vezes pensamos e não admitimos a nós mesmos amar aquele alguém. Justo aquele que nem tem lá muito a ver com o alguém do primeiro parágrafo. Uma pessoa mimada, impetuosa, crítica, exigente, geniosa, ciumenta, o que mais? Superficial, medíocre e ainda limitada! Não, eu não amo alguém assim. Como poderia? Diverge dos meus parâmetros de alguém para amar. Diverge dos meus próprios paradigmas. Pensamentos seus estes, não meus, porque o amor bem sabemos e acho até que descobrimos juntos, não segue lista de requisitos nem tem receita metódica de convivência como condição para existir. O amor, meu amor, simplesmente ama. Ama porque sim e tão pouco deve justificativas fundamentadas, nem mesmo para você. Superficial sim é renunciar o amor de chorar, que também é o amor de sorrir, por causa de um momento sem paz, porque o amor traz a paz, acredite, bem como traz muito mais.
O tempo é tão relativo que às vezes pensamos não amar mais, ou até amar de mais. O que acontece mesmo é que a gente pensa de mais. O amor tem seu próprio tempo, vai até o infinito e a cada eternidade só faz brilhar mais. O amor de chorar, meu amor, persiste, sobrevive, encontra e cultiva forças em si mesmo, muito além do tempo, principalmente do seu. O amor supera a dor e transforma tristezas em saudade, devagar. O meu amor é bem maior que eu, lembra? Medíocre é esquecer. Superficial é não saber que a vida é feita de momentos, nem todos bons, mas todos passageiros. Profundo é eternizar um sentimento. Profundo é saber disso, internalizar isso e não abandonar um verdadeiro amor no meio do caminho, até porque ele não te abandona, apenas respeita as suas frágeis decisões. Profundo é amar, mesmo não sendo amado. Profundo é admirar a imensidão do céu, mesmo em dias de chuva, porque as lágrimas secam depois de lavarem a alma.
Mas enfim, quem sou eu para falar de amor, se ele de tão imenso tangente ao infinito, não cabe em mim?!...