Pink Fairy Tales...

Meu próprio mundo, em versos... Ora rimados, ora em desespero... Ora em poesia sincera, ora em verdade inventada... Ora a fusão das duas coisas, e muitas resuminadas a nada... Às vezes meio triste, com um quê de sombra e dor... Outras vezes, em palavras inspiradas na alegria, na beleza e no amor...

Sunday, January 13, 2008

Trident de Melancia - Parte I (Isis Brandão - 13.01.2008

*** Baseado em fatos muito reais
Estava eu voltando do trabalho dirigindo meu carro, cantando alguma música boa para o momento e claro, mascando meu habitual Trident de Melancia. Acontece que este chiclet perde o gosto muito rápido e em menos de 5 minutos já anseio por me desfazer dele. Então este pensamento já me passava pela cabeça e tudo seria mera questão de encontrar algum sinal fechado para realizar o serviço.
Pois como o trânsito desta cidade anda caótico, claro que ficar parada na fila do tráfego não foi nada difícil, e como sou ágil e esperta, já fui logo dando conta de me livrar da bola de mascar. Ihhh... Foi quando me dei conta de que estava sem o lixinho do carro. Suponho que o moço que lavou tratou de sumir com ele.
Então pensei: "Bom, chicletes é meio orgânico, se eu jogar no chão, acho que não degradará catastroficamente o planeta". Mas aí já no segundo seguinte adverti meus pensamentos: "É... Mas não fica bem para uma dama como eu abrir o vidro e dar um cuspão para fora do carro..." Se você me conhece, haverá de convir comigo que seria uma deselegância totalmente incondizente com a delicadeza da minha maquiagem e com a formosura da minha roupa rosa daquele dia.
Realmente... Mesmo que ninguém visse, eu não podia me arriscar a gostar de fazer isso. Vai que se tornasse hábito por tamanha praticidade? Melhor não arriscar. Isto eu pensando no tempo do pensamento humano, que voa em frações de segundo. Então concluí que o jeito era mesmo pegar com a mão o chicletes e deixar cair discretamente do lado de fora do carro.
O sinal ainda estava fechado. Aliás, tinha acabado de fechar, porque ainda estamos nas primeiras frações de segundo que eu acabei de explicar. Pois bem. Teria eu então tempo mais que suficiente para me livrar do chicletes e com sorte, até daria para achar algum outro dentro da minha bolsa.
Beleza. Tudo já muito premeditado e espertamente calculado pela minha bela inteligência. Só fazer.
Ainda usufruindo da minha admirável agilidade, aproximei minha mão esquerda da boca, com a elegância de um flamingo deixei-o cair com leveza e joguei para fora.
Joguei?! Ops, colou. Já isso não estava dentro da minha previsão, muito menos apontado na análise de risco, mas previ que deveria ser fácil de corrigir.
Fiquei balançando minha mão para fora do carro em inúmeras tentativas fracassadas de derrubá-lo. Não caiu.
Tudo bem. Tenho uma segunda estratégia: esfreguei minha mão pelo lado de fora da porta do carro para ao menos deixar ele na porta e não me mim. Aaaaaiiiiii, não funcionou... Colou na porta e CONTINUOU na minha mão. Agora eram dois problemas. E o tempo passava. Pensei: "Meu Deus, vai abrir este sinal e eu aqui com essa gosma cheirosa grudada em mim e na porta do carro. Preciso de um plano B urgente!".
Mas claro que estava mesmo muito injusto presenciar minha mão esquerda se degladiando em desespero ali de um lado, enquanto a direita descansava alegremente no banco do passageiro. Achei por bem então escalar a outra mão para ajudar, afinal já havia soado o alarme interno de emergência faz tempo.
Mas se arrependimento matasse... Tive o DOM de duplicar o meu problema. Agora aquele Trident intragável colou nas duas mãos e na porta do carro, mas já era tarde. O sinal abriu e o mundo não podia parar para eu resolver aquele tão momentâneo probleminha...
A buzina do automóvel atrás de mim constatou que fui literalmente obrigada a engatar a primeira marcha, depois a segunda, a terceira, me apoiar no volante para guiar o carro e TUDO isso acompanhada pelo bendito chicletes... Aonde minha mão ia, ele ia junto carimbando seus rastros salivares. Então aquele persistente Trident de Melancia há tempos já estava quase que onipresente por tudo de mim. Tinha trident na porta do carro, trident no vidro, trident no volante, trident na marcha, trident no banco... Era trident por tudo.
Mas tudo bem... Nada que o tio do lava-car que sumiu com minha sacolinha de lixo não resolvesse, afinal, ele tinha 99% de culpa em tudo isso...
Seria trágico se não fosse cômico...

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