Gaiola Branca (Isis - 13.12.1999)
Numa noite... no meio dela
acordei assustada
quando notei que na minha janela
o pássaro azul não mais cantava
Ele não era meu
mas seu canto era todo para mim
bastava-me aquele "Romeu"
que vivia para suas serenatas no jardim
Autor das palavras mais doces
dono do sentimento mais puro
levava sempre na face
duas estrelas que brilhavam no escuro
No acalanto da melodia
suspirava meu medo
no sono meu amor se escondia
e o sonho pedia segredo
O sopro da viola jazia em notas
que com o vento bailavam no ar
fazendo com que as flores que estavam mortas
desabrochassem pelo chão as cores do luar
Lua que antes era pálida
de luz que não resplandecia
e o mar de ondas caladas
ao chegar na praia dormia
A noite era sempre menina
brincando de querer crescer
quando a aurora anunciava o dia
lá ía-se a criança ao longe se esconder
De mansinho a brisa vinha
balançar os negros cabelos meus
o vestido branco que meu corpo cobria
acenava triste um breve adeus
Aquele mundo que era todo meu
foi palco do vexame que fiz
das minhas fracas mãos escorreu
seu casto cálice que tanto me quis
Essa ilusão voou alto e só
desmanchou-se no céu, covarde
mas derramou em nós dois um pó
daqueles cintilantes da saudade
O suspiro já não é de prazer
a voz apenas cala poesia
toda eu desejo correr
para o outro lado desta ilha
Pássaro azul cantador
levou consigo a magia do seu canto
a chuva que cai rega a dor
lavada pelo meu próprio pranto
Neste quarto deserto
o espelho reclama de mim
como não tem ninguém por perto
faça da minha morte o fim.
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